Claro que desejamos que nossos filhos sejam felizes. Tentamos ao máximo afastar dores e sofrimentos da vida deles. Mas por mais que nos esforçamos é inevitável que passem por frustrações e tristezas, das mais corriqueiras as mais traumáticas. Aliás, é fundamental essas vivências para que possam se fortalecer, amadurecer e descobrir a capacidade interna de transformação.
Nesses momentos, se estamos ao seu lado, reconhecendo sua frustração ou sofrimento, nomeando o que sentem e falando sobre o que sofrem, estamos favorecendo a sua formação. Abrir espaço para que o diálogo aconteça, explicando-o o vivido de forma apropriada a sua idade, é respeitar a criança e acreditar na sua capacidade de entender o que ocorre com ela.
Quando pensamos que nossos filhos não estão entendendo o que acontece ao seu redor, deixando-os de lado dos acontecimentos que lhe envolvem, sem conversar com eles de forma respeitosa, podemos criar dificuldades muito maiores do que a de lidar com o próprio sofrimento. O que não é dito, falado, é imaginado pela criança. Elas criam as suas próprias teorias para que o que vive faça, minimamente, algum sentido. E essas fantasias, inúmeras vezes, são muito mais prejudiciais e traumáticas do que a própria verdade.
Dar palavra é abrir espaço para que a dor e o sofrimento possam ser compreendidos e elaborados. Muitas vezes a dor maior é nossa. E tocar em determinados assuntos pode ser difícil e traumático para nós pais. Por isso evitamos falar com os nossos filhos sobre as suas dores, pois elas podem ser as nossas também.
Mas lembre-se que há um ser humano que depende de você e é formado pela qualidade da relação que vocês constroem. Ninguém consegue dar o que não tem. Para sermos “portos seguros” é necessário termos “portos seguros” internos.
E se não o tivermos? Podemos construí-los! Nunca é tarde e sempre é tempo de olharmos para dentro de nós, para as nossas dores não faladas e, portanto, não elaboradas. Filho mexe o tempo todo com o que nós somos. Então se cuide para ser capaz de cuida-lo. Se fortaleça para ser capaz de fortalecê-lo.
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